Aug 16, 2010



Meu primeiro contato com Haneke foi através do filme "A Professora de Piano" e me causou um certo estranhamento. Mas depois de ver "Funny Games", passei a admirar muito seus filmes. E com "Caché" não foi diferente.

Um casal francês passa a receber estranhas fitas que mostram uma filmagem de frente de sua casa. Aos poucos, as fitas passam a chegar acompanhadas de mórbidos desenhos infantis. O problema aumenta quando recebem uma gravação da casa em que o marido, Georges, cresceu. Descobre-se então que Georges teve um "irmão" adotivo, que saiu de casa ainda criança e sofreu muito.


O que se espera de um filme normal? Que os mistérios sejam revelados e resolvidos. Com Haneke isso não acontece. São cenas perturbadoras, um clima de tensão que culmina em um final dolorido. Haneke não é para qualquer um, e nem vou entrar no mérito de ser filme cult ou não. A questão é que o cinema dele foge completamente do que estamos acostumados a ver. Cenas longas, closes, diálogos...tudo é estranho.

Já tive longas discussões com amigos sobre isso, somos criados para o começo, meio e fim, tudo precisa de uma explicação. Quando não tem, logo é tachado de "chato", "cult" ou qualquer adjetivo que seja. Lynch quase nunca nos explica o que está acontecendo, nem Trier.

Gostei bastante do filme, quando ele termina fica aquele pensamento de "e agora?". Haneke trabalha muito com a imaginação da pessoa que está assistindo ao filme e consegue resultados fantásticos.

Texto por Michelle Henriques

Pra que é fã de histórias de vampiros (as boas, nada pós-Crepúsculo) esse é um nome muito conhecido: uma Condessa Húngara que, para manter-se jovem, banhava-se no sangue de suas criadas. Mas engana-se quem espera um filme repleto de sangue e sadismo, como nos filmes da produtora inglesa Hammer: logo no início, a muito jovem Elizabeth (ou Erzsébet) e o também jovem Conde Ferenc Nadasdy são prometidos em casamento. Com o passar do filme, eles se casam, tem filhos e Nadasdy vai à guerra. São amorosos um com o outro, e Elizabeth é uma boa patroa para com seus criados, a mantém até uma espécie de hospital nas masmorras de seu castelo.

Pelo que conheço da história de Bathory, ela teve um breve relacionamento com um camponês, ficando escondida até seu casamento com Nadasdy, diferente do filme, onde os dois consumam o casamento assim que se casam, e tem flhos. Assim como o filme relata, Nadasdy era soldado e ficava longos períodos em campos de batalha, deixando sozinha Elizabeth. Nesses longos períodos que suas atividades começaram. Era certo que na época de Bathory, o comportamento dos patrões para com seus empregados era no mínimo cruel, mas Bathory se destacava: ela não só os punia por sairem de "suas rédeas", mas também gostava de vê-los sendo torturados e até mortos, e nisso o filme peca, mostrando uma Elizabeth bondosa que até livrou um jovem frade de ser punido por espionagem porque o reconheceu de sua juventude, quando o curou de machucados causados por um animal selvagem.

No filme, Nadasdy era um bom marido, e até escrevia cartas à sua amada Elizabeth no campo de batalha, em meio à tiros e explosões. Na verdade, não: Nadasdy também era cruel e sádico como sua esposa, e até a ensinou alguns métodos de punição. Após a morte de Nadasdy em 1604, Elizabeth se mudou para Viena, e como companhia, tinha uma curandeira de nome Darvulia, que aparece no filme. Darvulia cuidava de Elizabeth, fazia sua comida e sua bebida, e não a deixava comer ou beber nada que não fosse preparado por ela mesma. Mas Darvulia trai Elizabeth e é mandada à prisão, onde morre pedindo a ajuda de Deus. Darvulia existiu, mas não era uma bruxinha wiccan que faz chás e acende insensos para acalmar a bela Elizabeth, e sim foi a ajudante em vários de seus crimes, vindo a falecer em 1609, muito provavelmente pedindo a ajuda de Satan em vez da de Deus, como no filme.

Não é mostrado, mas após a morte de Darvulia, Elizabeth buscou a ajuda de Erzsi Majorova, viúva de um inquilino seu, e esta foi a responsável pelo seu declínio, encorajando-a a escolher mulheres nobres para serem suas vítimas.

Assim como no filme, Elizabeth foi julgada pelo Conde Thurzo, que foi vilanizado no filme: sua motivação é conseguir o que Nadasdy o prometeu antes de morrer: 1/3 de suas terras. Thurzo faz de tudo para conseguir, desde tentar seduzir Elizabeth à manipular o rei e outros nobres a deporem contra Elizabeth, dizendo que ela tomava banhos com o sangue de suas vítimas. No filme, a bondosa Elizabeth toma banhos de ervas (?). Elizabeth foi julgada 2 vezes, e foi encontrada uma agenda contendo o nome de todas as suas vítimas, nada menos que 650, e todos os nomes escritos pela própria Elizabeth.


Fora os pequenos deslizes e licensas poéticas, o filme é visualmente muito bonito, em especial para quem gosta de castelos e vestidos pomposos. Mas não espere uma história muito fiel e não se encante com a bondosa Elizabeth interpretada por Anna Friel (da série Pushing Daisies).

Texto por Monique Monteiro

Jun 30, 2010

Esse filme só estreia em agosto, mas graças a internet e aos meus digníssimos amigos cinéfilos, eu já o vi.

Ano passado comecei a ouvir alguns rumores a respeito de um filme sobre as Runaways. Banda formada apenas por mulheres foi um enorme sucesso nos anos 70. Tocaram no Japão, apareceram em milhares de revistas e deixaram sua marca na música. Cada uma delas continou a carreira em meio a música, mas talvez a mais bem sucedida tenha sido a Joan Jett, que até hoje faz milhares de shows e lança ótimos discos.

Mas voltando ao filme...
Fiquei surpresa quando soube que a direção seria da Floria Sigismondi. Ela dirigiu videoclips do Marilyn Manson, The White Stripes, Christina Aguilera e David Bowie. Todos são ótimos, cenas perfeitas e todo um clima meio mórbido. Eu poderia dizer que esperava tudo isso do filme, mas não...eu esperei pelo pior e vi um filme mediano.
Ontem eu estava conversando com uma amiga a respeito e ela comentou algo a respeito de censura. Creio que deva ter sido isso, porque o filme não me remete a nada dos trabalhos anteriores da Floria.

As protagonistas são Dakota Fanning como Cherie Currie e Kirsten Stewart como Joan Jett.
Ok, tenho birrinha com a Kirsten por causa de "Crepúsculo" então já pensei que ela ia estragar o filme. Muito pelo contrário! Eu achei a atuação dela fantástica! Ela se tornou a própria Joan Jett, se mostrou uma atriz que vai além de vampirinhos que brilham ao sol. Já a Dakota me decepcionou um pouco (ainda mais que poucos dias antes eu tinha visto "Hounddog", em que ela interpreta um papel super complicado de forma perfeita!), achei a atuação meio chata.
Basicamente o filme fala das duas, da relação entre elas, da música e das brigas. Sandy West e Lita Ford são quase personagens secundárias. Ao fim do filme, aparece o que Joan e Cherie andam fazendo atualmente, e sequer citam a Sandy e a Lita. Achei um pouco de falta de consideração, até porque Sandy faleceu há alguns anos.
Se o filme era para ser sobre Joan e Cherie, que não se chamasse "The Runaways", né?

Hoje, dois dias depois te ver visto o filme, posso dizer que não achei tão ruim. Assisti sem esperar nada e não achei nada demais. Mas reitero que gostei da atuação da Kirsten (lembram dela em "Quarto do Pânico"?), as músicas foram muito bem escolhidas e o filme deve agradar a muitas pessoas.
Não é o melhor filme do mundo, mas é agradável.

PS: Vale lembrar que o que está escrito nesse texto reflete única e exclusivamente a minha opinião, os demais autores do blog podem não concordar com ela. E sim, eu li "Crepúsculo" (a saga toda, inclusive) antes de falar mal. :)

Texto por Michelle Henriques

May 26, 2010

Em 1982 Tim Burton criou seu primeiro curta de animação em stop motion, "Vincent". Em preto e branco, Vincent Price narra a história de Vincent Malloy, um garotinho que sempre imagina viver dentro de contos do Edgar Allan Poe. A partir daí, Burton nos mostrou a que veio.
Depois de "Vincent" vieram inúmeros sucessos como "Os fantasmas se divertem", "Ed Wood", "Marte Ataca", "Peixe Grande" e as animações "Nightmare Before Christimas" e "Corpse Bride". Seus escorregões se deram com "Planeta dos Macacos" e "A Fantástica Fábrica de Chocolate". Certa vez Rubens Ewald Filho disse em seu blog que Burton sempre erra a mão quando faz remakes. E eu, infelizmente, concordo com ele.
Demorei muito para ver "Alice no País das Maravilhas" porque eu sabia que iria me decepcionar. Aproveitei esse meio tempo para rever o desenho da Disney e a primeira adaptação, de 1903. O desenho é fofo e lisérgico. Quando eu era criança, eu o amava justamente por não entender nada. Revi aos 23 anos e ele continuou bizarro. E eu amei. A versão de 1903 é muito bacana para quem curte história do cinema e notamos toda aquela evolução de efeitos especiais e etc.
Domingo passado resolvi finalmente assistir à versão do Burton. Alice já está com 18 anos, prestes a se casar com um homem repugnante, quando vê o coelho branco e resolve seguí-lo. Assim, ela volta para Wonderland e sua missão é tirar a coroa da Rainha Vermelha e devolvê-la para a Rainha Branca. O grande problema é que virou um filme da ação. Alice é enigmática e na versão de Burton ela é apenas a heroína. Burton não optou por fazer um remake propriamente dito, mas uma continuação. "A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça" é um filme de ação, mas é do Burton, é esquisito, macabro. Alice não tem nada disso, infelizmente.
Johnny Depp está legal em seu papel, qualquer coisa que esse homem faça vai ser perfeita. Helena Boham Carter tem um papel de muito destaque. E só.
Burton sempre será um dos meus diretores preferidos e não é um filme mediano que vai me fazer desistir de acompanhar o trabalho dele. Mas sinto falta dos bons tempos...

Texto por Michelle Henriques

May 7, 2010

Já começo falando que adoro filmes de terror das produtoras Hammer e Amicus. A Hammer com seus épicos de terror e a Amicus com seu terror psicológico. Minha preferida é a Hammer, mas deixo pra falar dos filmes dela depois. Hoje vou falar de dois da Amicus que vi recentemente: From Beyond the Grave (Vozes do Além, 1973) e Asylum (Asilo Sinistro, 1972). Ambos seguem uma linha muito parecida: de uma história base desenrolam-se mini histórias.

Em From Beyond the Grave, Peter Cushing é proprietário de uma loja de antiguidades. Seus clientes, muitas vezes caloteiros, levam pra casa um produto da loja junto à uma maldição. O primeiro compra um espelho que contem um espírito de um feiticeiro que quer voltar a vida. Em uma sessão espírita com seus amigos em sua casa, ele acorda o espírito, que o faz matar pessoas para colher suas almas e conseguir se livrar do espelho. E adivinhem quem entra no espelho no lugar dele?

Na segunda história, uma medalha de honra do exército para um pai de família frustrado e fracassado que culmina em sua morte, "encomendada" por nada mais nada menos que seu filho. O garoto, cansado de tantas brigas de sua mãe, uma mulher horrorosa com cara de sapa, que enche o saco do seu pai, e seu pai, um mosca morta sem voz ativa e opinião para nada.

Na terceira, um almofadinha que troca as etiquetas de preço da uma caixinha de rapé e ainda pede um desconto, ganhando em troca um elemental que destrói sua vida e sua família, mesmo tendo sido avisado e "exorcisado" por uma mística estranhíssima e com cara de maluca, só que acaba que o elemental "possui" sua esposa, que o mata e sai para fazer suas peripécias de espírito malvadinho.

E, por fim, o único honesto (pra nós não perdermos a confiança da raça humana, por mais difícil que seja), que compra uma porta para seu armário (um tanto exagerada) que funciona como uma passagem para uma sala medieval, onde um feiticeiro tenta roubar sua noiva e levá-la consigo para manter sua "vida" eterna. Só que o rapaz consegue se livrar do feiticeiro e reaver sua noiva, já que foi o único honesto a entrar na loja do cadavérico Cushing.

Termina com Cushing assustando um ladrão (não devia ser difícil com aquele rosto macabro) que queria assaltá-lo.

No geral, é um filme interessante, com um fundo um pouco moralista demais, porém interessante. Em minha opinião, as melhores histórias são a primeira e a última, muito parecidas, por sinal.

Já em Asylum, um jovem doutor chega à um pequeno manicômio e tem, como teste de admissão, que descobrir quem é o antigo ex-diretor do mesmo. Na companhia do bizarro Dr. Rutherford, ele visita cada paciente em seu quarto particular. A primeira, Bonnie, tinha um amante que era casado com uma mulher rica e interessada em artes ocultas. Convence o amante a matá-la para fugirem juntos, só que o tiro sai pela culatra, e a morta que foi desfeita em pedaços volta imediatamente para levar seu querido marido consigo e atormentar a amante. Uma frase interessante o marido diz quando está guardando a despedaçada esposa no freezer é "Rest In Pieces" (Descanse em Pedaços), um joguinho de palavras com o já conhecido "Rest In Piece" (Descanse em Paz).

Na segunda mini história, o paciente é um alfaiate (ex, né) que está prestes a perder a casa onde mora pois não pode pagar o aluguel, quando recebe uma encomenda do ilustre e macabro Peter Cushing: ele quer um terno para seu filho, feito de um tecido que tem luz própria, e o qual deve ser feito apenas após a meia noite, e até as 5 da manhã. Quando o alfaiate, com seu sotaque alemão, vai entregar o terno na casa do sr. Caveira Cushing, descobre que este não tem dinheiro, e que só terá quando seu filho voltar. Um pequeno detalhe é que seu filho está morto, e que Cushing perdeu todo seu dinheiro na compra de um livro de ocultismo para trazer de volta seu filho. O alfaiate (Bruno, seu nome... germânico... lembram-se de algo?) mata Cushing, leva o livro pra casa e pede para sua esposa queimar o terno, e descobre que ela vestiu um manequim com ele, e o batizou de Otto. O manequim ganha vida e aterroriza o pobre alfaiate, que por fim passará o resto de seus dias costurando ternos imaginários em um hospício.

Já a terceira história, de Barbara, uma bela e jovem moça que quer seu advogado porque julga estar no asilo à toa. Ela foi trazida de volta à sua casa por seu irmão, e tem uma enfermeira para cuidar dela. Mas algo acontece, e a enfermeira tem que ir visitar a mãe adoentada no hospital, e Barbara, enquanto isso, recebe a visita de uma amiga que tenta ajudá-la a fugir das "garras" do irmão, que é visto como ganancioso, e que ela acredita querer "botar as mãos" no dinheiro da família. Mas como todos podem notar muito facilmente, Lucy, a amiga, é parte da maluquice de Barbara, a moça não existe, assim como o Tyler Durden em Fight Club (oops).

O quarto paciente, que se denomina Dr. Byron (uh, Lord Byron), é um maluco que quer dar vida a seus bonequinhos, em especial um bonequinho dele próprio (pra quem sabe a história por trás de Frankenstein, Byron é MUITO sugestivo*). Acaba que ele consegue transmitir consciência à seu bonequinho, e mata o diretor do asilo, sendo visto pelo doutor em teste e morto pelo mesmo.

O final parece ser bobo, mas reserva uma reviravolta (que eu imaginei porque sou, há, muito esperta [NOT]). Cabe a quem se interessar assistir e tirar suas conclusões.

Texto por Monique Monteiro

Apr 30, 2010


Depois de ler algumas críticas a respeito do filme que colocou a Lúcia Puenzo no hall da nova geração de cineastas latino americanos, senti extrema necessidade de expressar minha opinião a respeito.

XXY é um filme incomum: tanto por seu tema, que consiste ainda em um tabu social; como pela forma em que foi traduzida visualmente esta historia. Em resumo o mundo abordado é o mundo pessoal de Alex, um adolescente hermafrodita, que vive numa cidadezinha do sul do Chile, com seus pais. Alex foi levado para longe de sua cidade natal como uma tentativa, por parte de seus pais, de protegê-lo – um ato mais ligado à covardia e vergonha dos pais do que ao bem-estar da criança. O tempo se passa e Alex é tratado por seus pais como menina, fazendo uso inclusive hormônios femininos, ministrados por sua mãe. Mas rapidamente se vê que esta não é uma escolha consciente e pessoal do adolescente. Após situar o espectador da condição da família, começa-se a historia: a mãe de Alex convida um grande cirurgião argentino para passar uns dias em sua casa e em contrapartida analisar se Alex está apto a realizar a cirurgia de definição do sexo. O médico chega com sua família: a esposa e o filho também adolescente. Acontece então um tipo de relacionamento casual/consensual entre os adolescentes.

Lendo as criticas não tive como não reparar que a maior reclamação vinha pelo fato de Puenzo não ter explorado mais o envolvimento romântico dos adolescentes. “Quando a historia começa o filme acaba”, disseram alguns. Sinto muito, colegas, mas tenho que discordar. O tema central do filme não foi em momento algum o relacionamento amoroso de Alex, mas sim a sua condição e a sua relação consigo mesmo. Alex é a alma do filme, e todas as suas questões levantadas ao longo da película foram sim finalizadas. Um personagem raro como este não pode ser tratado de forma convencional e não se pode esperar que as tramas que o cercam seja os mesmos de 8 a cada 10 filmes. Este não é um filme de amor. É um filme sobre a dor e a duvida de não saber direito quem é; de se sentir excluído, de desconhecer os outros membros da sua família, de não poder contar as pessoas quem você é, ou qual a sua condição; de não ter amigos; de não saber o que se quer. Alex não sabia se era menino ou menina, se gostava de menino ou menina, se deveria ou não continuar com os hormônios, se deveria ou não contar ao seu único amigo a sua real condição.

A narrativa se desenvolve de forma totalmente linear, sem uso de flashbacks nem nada do tipo. Mas também, que lembranças este personagem pode ter, se seus pais suprimiram isso? O filho do médico é decisivo na vida de Alex, mas não da forma romântica que todos pensam. Sua atuação realmente se faz importante porque é ele que traz tona as duvidas que Alex mantinha de forma totalmente subjetiva.

Da metade para o fim do filme temos as decisões de Alex e as conseqüências disso: de contar ao seu amigo e ter sua intimidade exposta para os outros garotos da cidade, e ser violentado por isso; de resolver parar com os hormônios e deixar seu lado natural masculino aflorar; de se envolver com o garoto argentino que está prestes a ir embora; e por fim de ter a aceitação total por parte de seus pais. Alex aprende a lidar consigo e essa foi sem dúvida a melhor resolução para esse filme. Não sabemos se ele se relacionou posteriormente com a amiga de rápida aparição ou com o garoto argentino, acabamos não identificando claramente a sexualidade dele, mas e todas as grandes decisões que ele tomou no decorrer do filme, não contam?

Este é um filme extremamente sensível, delicado e poético. Puenzo conseguiu contar uma historia tão complexa sem cair em momento algum em estereótipos. Uma obra extremamente agradável aos olhos, composta por belíssimas tomadas, e que conta com uma das grandes atrizes desta nova geração, a Inés Efron.


Texto por Angie Marinho

Apr 28, 2010

Buio Omega

O filme começa com uma mulher espetando uma boneca de vodu e outra mulherobservando. Logo se descobre que a mulher que observa é uma governanta (Iris) que encomendou o vodu para a namorada do patrão (Frank), um taxidermista (pra quem não sabe, taxidermia é a "arte" de empalhar animais), que estava internada em um hospital.


Como todo bom filme da década de 70, italiano, é bem visceral. Admito que sou forte pra filmes assim, mas esse me deixou ligeiramente enojada. Fato que algumas cenas são bem forçadas e nota-se um leve desleixo, mas no geral, é um filme, para espectadores menos acostumados, bem asquerozo.

Uma das primeiras cenas chocantes é do taxidermista empalhando sua namorada morta. Em seguida ele é descoberto por uma garota que invadiu seu carro na estrada enquanto ele trocava um pneu furado. Essa garota acaba morta, desmembrada pela governanta, que o ajuda em todos os seus servicinhos (e em outros mais). A partir disso é morte atrás de morte. Uma prostituta, uma vizinha que corria e nos arredores da mansão onde mora o rapaz e até a própria cunhada dele, que descobre a irmã morta e empalhada e tem um destino parecido.

Não conheço a filmografia de Joe D'Amato, mas sei que os filmes italianos quase nunca decepcionam. Buio Omega é muito realista: a cena em que Frank tira os órgãos internos de sua namorada para realizar o empalhamento é brutalmente real pois, reza a lenda, foi feita uma autópsia real em uma aula de anatomia.


Fora as cenas escatológicas, há muita nudez, pois Joe era bem chegado em uma baixariazinha (tendo, no curriculo, filmes como Porno Holocaust e Erotic Nights of the Living Dead), e isso tudo mesclado a cenas românticas de Frank e sua "boneca", como Iris se refere à namorada morta do rapaz.

Um filme bem produzido para a época e com efeitos bem realistas, e bastante criativo quando se trata de escatologia. Realmente não recomendado para estômagos fracos.

Texto por Monique Monteiro

Apr 27, 2010

Esse texto foi escrito por mim e postado no blog Marginalia em 13/08/09.

Elogio ao Mau Gosto

Há alguns meses eu fiz um post com esse nome no meu blog pessoal. Quem quiser dar uma olhada, o link está aí ao lado.
Basicamente, eu falava dos filmes "fortes", que "chocam", os bons e os ruins. Ontem eu assisti a um deles, infelizmente, um filme ruim...e tive a idéia de postar aqui.

O filme que vi ontem foi "Ett hål i mitt hjärta", traduzido "Um vazio no meu coração". Eu estava extremamente ansiosa para ver esse filme, visto que é do mesmo diretor de "Fucking Åmål" e "Lilja 4-ever". Lukas Moodysson me impressionou demais com esses dois filmes. O primeiro é simples, conta a história de duas meninas que se apaixonam e enfrentam as pessoas da escola, família e etc. Meio clichê, mas para um diretor que estava começando, estava ótimo. Aí veio a Lilja e digo que fiquei completamente apaixonada pelo cinema de Moodysson. Lilja é uma garota abandonada pela mãe (ela vai para os EUA com o marido e a deixa sozinha em casa) e faz amizade com um menino em situação parecida com a sua. Até que ela conhece o homem dos seus sonhos e o conto de fadas deixa de ser tão lindo assim. Moodysson chocou, fez o peito doer e a cabeça rodar. Não era à toa que eu estava ansiosa para ver "Um vazio no meu coração". Fiquei o filme todo tentando entender o que ele quis dizer e não entendi nada. Já vi muito filme pesado, mas esse não me passou nada, a não ser um amontoado de clichês. Lá estão as cenas ditas "fortes": masturbação com uma escova de dentes, cirurgia vaginal, vômito, gente pelada o tempo todo. Mas não convence. É apenas um filme idiota e pretensioso. Na hora eu me lembrei do "Sweet Movie", um filme da década de 70 que também é forçado e chato. Mas é diferente, o filme é antigo, estava bem naquela fase de experimentações no cinema. Moodysson podia ter feito diferente.




Agora eu me questiono: por que o ser humano gosta desse tipo de filme? (Dos bons, claro)
Eu sou completamente apaixonada por filmes como "Gummo", "Pink Flamingos" e até mesmo "120 dias de Sodoma", que é tão criticado por um monte de gente. (Já falei deles no meu blog pessoal).
E confesso que estou ansiosíssima para ver "The Antichrist", novo filme do Lars von Trier, que causou sensações diversas em Cannes. (Aliás, em breve vou falar de Trier aqui...)

Algum comentário a respeito desse gosto humano pelo mau gosto?


[Michelle]

Mar 8, 2010

Ontem foi noite de Oscar e eu não dei a mínima atenção. Foi-se o tempo em que eu assistia a cerimônia inteira e gostava. Em 2007 eu escrevia num fotolog sobre cinema, então me forcei a assistir, mas não vi nada demais. Ontem não foi diferente. Fiquei sabendo dos vencedores pelo twitter e por sites de notícias.
Dei uma olhada rápida nos filmes que estavam concorrendo a alguma coisa, e apenas dois ali me interessaram "A Fita Branca" e "Bastardos Inglórios". O tal de "Precious" me pareceu interessante, pretendo ver em breve. Falam tanto do tal "Avatar", mas confesso que não despertou em nada a minha curiosidade.


Sou muito suspeita para falar de Tarantino, ele sempre foi um dos meus diretores preferidos. Eu me lembro de assistir "Pulp Fiction" com uns 7 ou 8 anos e ter amado. Dessa vez não foi diferente. Procuro nunca esperar nada demais de um filme para não me frustrar, mas nesse aqui não tinha como não ficar no mínimo curiosa. Saí do cinema embasbacada. A começar pelo elenco de primeira. Brad Pitt, como sempre, conseguiu se superar. Acho que ele é o melhor ator dessa (não tão) nova geração.
Christoph Waltz mereceu e muito esse prêmio. Não por ser o Oscar, mas qualquer premiação que fosse, ele é um ator fantástico. Um bom ator é aquele que mexe com seus sentimentos e aqui sentimos um desprezo imenso por seu personagem.
Sem contar Daniel Brühl, Mélanie Laurent, Eli Roth (esse me surpreendeu demais) e Diane Kruger em papéis fantásticos!
Tarantino mostrou mais uma vez que ele consegue fazer coisas novas na já saturada Hollywood. Nazismo é um tema batido e mesmo assim ele fugiu de todo e qualquer clichê. Um filme diferente, irônico e ácido em meio a um mar de mesmices.


Meu primeiro contato com Haneke foi através do filme "A Professora de Piano" e logo me apaixonei pelo trabalho dele. Alguns diretores procuram apenas chocar, mas acho que Haneke sempre conseguiu dar um fundamento a seus filmes, por mais controversos que pareçam. Ele incomoda. Em uma cena desse filme ele nos remete a "Gritos e Sussurros" de Bergman (meu diretor preferido), então não havia meios de eu não gostar. Logo depois vi "Funny Games", o remake. Não costumo gostar de remakes, mas esse eu vi com boa vontade, pois ele mesmo regravou. Gostei bastante. Haneke não é para pessoas acostumadas com filmes tradicionais: começo, meio e fim. Em seus filmes as coisas simplesmente são.
"A Fita Branca" é um filme de Haneke, incomoda e muito. Mas está longe de ser uma obra prima ou o melhor filme dele. O problema aqui foi o mesmo de "Anticristo", as pessoas falaram demais. Os fãs ovacionaram, os críticos disseram maravilhas e os Anti-Haneke meteram o pau. Quando as pessoas falam demais acontece isso, supervalorização.
Não digo que não gostei do filme, pelo contrário, eu adorei. É um filme um pouco cansativo, mas a tensão aumenta aos poucos, até que você seja envolvido pela trama.
Se merecia um Oscar? Na categoria em que concorreu eu acho que sim. A fotografia desse filme é impecável.


Acho que nos dias de hoje o Oscar perdeu mais da metade de seu encanto...mas ainda me divirto com as listas de indicados e afins.

[Michelle]

Mar 5, 2010


O AMOR PODE SER TÃO PERIGOSO QUANTO O ÓDIO


Por Henry (The Stranger)


Em época de grandes produções, como “Avatar” de James Cameron, “Percy Jackson e os Olimpianos em O Ladrão de Raios” de Cris Columbus e “Alice no País das Maravilhas” de Tim Burton, lá vou eu falar de um filme antigo... E o escolhido foi “Amores Brutos” do diretor Alejandro González Iñárritu (nomezinho heim...)

Iñárritu iniciou sua carreira em 1984 em uma emissora de rádio no México, estudou cinema e aos 27 anos tornou-se um dos diretores mais jovens da história do seu país. Fundou então a Zeta Filmes, em parceria com a Televisa e começou a produzir notáveis comerciais de televisão.

Anos mais tarde juntou-se com o roteirista Guilhermo Arriaga e produziu 11 curtas que falavam sobre as contradições que oculta a Cidade do México. O resultado deste trabalho foi o primeiro longa de Alejandro “Amores Brutos” compilação de três dos 11 curtas.

O filme deu o que falar, indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, selecionado para o Festival de Berlin e vencedor do Festival de Cannes por Melhor Filme na semana da crítica.

Na confusa Cidade do México um carro em alta velocidade provoca um acidente que muda para sempre a vida de Octavio, um adolescente que é apaixonado pela mulher do irmão mais velho, Valeria, uma modelo de sucesso que se envolve com um homem casado e Chivo, ex-guerrilheiro comunista que atua como matador de aluguel. Parece uma história simples, mas na verdade é uma trama muito bem bolada e envolvente. Uma incrível sequência de cenas que já entrou para a história do cinema mundial.

O sucesso do longa levou Iñárritu aos Estados Unidos para dirigir “21 Gramas”, com Benício Del-Toro e Naomi Watts, que foram indicados ao Oscar por suas atuações. O filme trás também o ator Sean Penn e é produzido pela Universal Pictures. Três anos depois surgiu “Babel” com Brad Pitt e Cate Blanchett a frente do elenco, arrebatando o Oscar de Melhor Trilha Sonora, o Globo de Ouro de Melhor Filme e o Festival de Cannes de Melhor Diretor, e fechando assim a Trilogia do Caos. Babel conta ainda com o ator Gael García Bernal.

Em tempos de cinema em 3-D nada melhor que rever grandes clássicos da atualidade em DVD.


EUROPA FILMES apresenta um filme de ALEJANDRO GONZÁLEZ IÑÁRRITU ‘AMORES PERROS’ GAEL GARCÍA BERNAL, GOYA GUERRERO, JORGE SALINAS escrito por GUILHERMO ARRIAGA JORDÁN gênero DRAMA 154 minutos


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Feb 21, 2010


A NATUREZA QUASE HUMANA - 2001, Michel Gondry


Laraia, um importante antropólogo brasileiro, diz que não existe natureza humana sem cultura, ou seria o contrário? Acredita-se que cada situação de nosso cotidiano exige um determinado comportamento, uma atitude “mais humana”, sempre há um correto e um errado. Mas e quando a natureza, o instinto humano, ou que seja talvez animal, fala mais alto? Há corrompidos, ou somos corrompidos pela genética e não temos como escapar disso?


O filme Natureza quase humana (2001), do diretor francês Michel Gondry (Brilho eterno de uma mente sem lembranças, Ciência do sono e etc.), é acima de tudo irônico. É um filme sobre necessidades, ímpetos, sobre o SER humano e toda sua parafernália cultural que criou para se dizer civilizado, correto e no topo da cadeia alimentar.


Três personagens, humanóides sem deixar de ser primatas acima de tudo, focam o enredo. O roteiro é de Charlie Kaufman e não poderia se esperar nada menos bizarro. Kaufman cria diálogos geniais entre os personagens vitimas da humanização de uma sociedade cheia de tabus e desorganizada. Lila (Patrícia Arquette) é uma mulher com problemas hormonais que sofre em não ser uma mulher desprovida de pêlos como as mulheres que o cinema e mídia trazem, ela não entende se deve ser reclusa, longe dos estereótipos, ou ainda se deve se render a sociedade e ser mais uma “uma alma vendida” como ela própria diz. Puff (Rhys Ifans) é um homem criado em meio à natureza crendo ser um exemplar de chimpanzé, ele é o personagem mais interessante sendo o centro da narrativa. Ser um homem? Ser um animal? Não se sabe, apenas pode-se dizer que Puff conheceu a fundo a natureza humana. E Dr. Nathan Bronfman (Tim Robbins) é o cientista maluco por organização e metódico ao extremo que acredita que por testes (estilo Skinner) pode educar ratos a se portar na mesa. E esses três personagens vão ter suas vidas cruzadas e trará a tona o questionamento de como ser humano, ou como não o ser.


Kaufman, como fez em Quero ser John Malkovich, trouxe à tona a questão do ser individual humano, da aparência e da necessidade desta, o filme traz de forma primorosa as questões de corrupção humana e de legados do tipo que os fins justificam os meios, e claro, cenas com diálogos geniais que beiram ao humor negro extremado. Gondry traz uma direção única nos mesmos moldes que continuou fazendo mais tarde, afinal esse seria somente seu primeiro trabalho de cinema “sensacional” que o colocaria no mesmo patamar dos melhores diretores do cinema autoral. Os recursos estéticos utilizados em cenas de flashbacks dão um charme documental ao filme. A narrativa rápida de Kaufman aliada ao tom impessoal de dirigir de Gondry deixou Na natureza quase Humana um filme imperdível e ótimo para boas doses de realidade do que nos tornamos todos os dias.


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[Manu]


Feb 11, 2010


CAFÉ DA MANHÃ EM PLUTÃO

Por Henry (The stranger)

PATHÉ PICTURES LTDA APRESENTA UM FILME DE NEIL JORDAN “BREAKFAST ON PLUTO” CILLIAN MURPHY LIAM NEESON COM STEPHEN REAAPRESENTANDO LAURENCE KINLAN COMO IRWIN E RUTH NEGGA COMO CHARLIE GÊNERO DRAMA DURAÇÃO 135 MIN ANO 2005.

Uma história duríssima contada de maneira pura e leve.

Patrick "Pussy" Braden (Cillian Murphy) é um rapaz que se sente como uma garota, mora numa pequena cidade da Irlanda e é fruto de um relacionamento entre uma doméstica e o padre local. Depois de abandonado pela mãe, Patrick é criado por Ma Braden (Ruth McCabe), que não suporta seu jeito afeminado. Um belo dia Patrick decide sair de casa e partir em busca de sua mãe verdadeira, a Dama Fantasma que fora engolida pela cidade que nunca dorme - Londres.

As coisas na vida do jovem, que prefere ser chamado de Kitten, acontecem de maneira inusitada. Ora ele é membro de uma banda e ora assistente de mágico. Ele consegue fazer amizades e se meter em encrenca de maneira casual e inesperada. Destaco aqui a marcante trilha sonora que ajuda na composição do personagem.

O ator Murphy, de “Vôo Noturno” e “The Dark Knight”, interpreta a historia de uma maneira cômica e ao mesmo tempo dramática. Porém não é apenas a atuação de Murphy que torna o filme interessante. Brian Ferry, ex-membro da banda Roxy Music, que fez muito sucesso nos anos 80, faz uma breve participação no longa, juntamente com Stephen Rea, o vampiro Santiago de “Entrevista com o vampiro”.

Digamos que Neil Jordan, que dirigiu também “O preço da liberdade” e “Entrevista com o vampiro”, acertou na escolha quando decidiu bancar a linha de frente deste belíssimo filme que é uma ótima opção para o seu final de semana.

The stranger é autor do blog “O estranho mundo de Henry”


Jan 28, 2010



TRANSAMÉRICA

Por Henry (the stranger)

CONTENTFILM INTERNATIONAL APRESENTA UMA PRODUÇÃO BELLADONNA UM FILME DE DUNCAN TUCKER

“TRANSAMERICA”

FELICITY HUFFMAN KEVIN ZEGER FIONNULA FLANAGAN

COM ELIZABETH PEÑA E GRAHAM GREENE

DURAÇÃO 103 MIN GÊNERO DRAMA

Felicity Huffman, atriz de Desperate Housewives, ganhou um Globo de Ouro e foi indicada ao Oscar de Melhor Atriz com este sensacional filme que foi grande sucesso de público e de crítica em 2005.

Bree (Felicity) é uma transexual que sonha em se tornar uma mulher de verdade e está a um passo da operação, que é sempre cheia de acompanhamento psicológico e médico, pois pense bem, é irreversível. Sua vida está, pela primeira vez, se enchendo de sentido, mas quando Bree pensa que finalmente vai realizar seu sonho, descobre ser pai de um garoto de 17 anos (Kevin Zegers). Por ordem do terapeuta ela vai ao encontro do filho, um jovem envolvido com drogas e prostituição e com um passado tão complicado quanto o dela. Com medo de lhe contar a verdade e sem ter como ignorá-lo eles embarcam em uma viagem às origens de Bree, viagem esta que pode mudar suas vidas para sempre revelando a eles mesmos quem realmente são. A dúvida sobre a operação invade a mente de Bree, e ela acaba por descobrir sentido em coisas que nunca haviam antes passado por sua cabeça.

A produção é muito boa, não tem aquela fotografia maravilhosa e quase todo o processo do filme foi feito de maneira simples, sem muitos recursos, mas o resultado é uma verdadeira celebração a vida. Felicity está maravilhosa no papel, ela mudou a voz para ficar mais masculina e conseguiu convencer. Sou meio suspeito, confesso, por fazer uma crítica super positiva, uma vez que sou fã de Huffman e a acompanho em Desperate, série de Marc Cherry que já está em sua sexta temporada.

O diretor, Duncan Tucker, consegue equilibrar drama e comédia com muita sensatez, e nada se perde pelo caminho. É com certeza um filme com temática homossexual que pode ser assistido pela família toda, é leve, envolvente, cativante e nos faz pensar. Afinal, a vida é uma viagem, precisamos apenas escolher um caminho!

The stranger é autor do blog “O estranho mundo de Henry”

Jan 25, 2010

O Abismo / Afgrunden (1910)


Para essa primeira colaboração no mais novo blog cinéfilo da internet eu deveria pelo menos rever essa pérola do começo do século XX. Mas sua história é tão atual, e talvez por isso esteja tão fresca na memória, que não foi preciso tanto esforço para recordar e tentar apresentar em poucas linhas esse clássico.



“O Abismo” marca a fase de ouro do cinema dinamarquês e lança aquela que seria a primeira estrela do cinema alemão e talvez a responsável pela criação do star-system: Asta Nielsen. Se nossos avôs perderam dinheiro comprando revistas sobre cinema ou cansaram de se masturbar vendo pôsteres de atrizes hollywoodianas, não seria exagero culpa-la por isso!


Voltando ao filme, a temática é bastante atual: Magda Vang (Asta Nielsen), uma professora de piano, se apaixona perdidamente por um artista de circo, deixando sua vida pacata para se aventurar no mundo artístico.


O casal passa a trabalhar juntos numa companhia de espetáculos, mas depois de serem expulsos por causa de um ataque de ciúmes de Magda, começam a entrar em decadência. Magda volta a tocar piano num bar para ganhar algum dinheiro enquanto seu amante encontra uma forma mais fácil para manter o casal: tenta prostituí-la.


O filme faz parte do período de transição do cinema, pois apesar de manter uma narrativa linear, ainda apresenta algumas características do cinema de atração, como a cena em que o garçom do bar, dando uma de cafetão, arruma um quarto para o suposto primeiro cliente de Magda e gesticula para a câmera, como se quisesse dizer para os espectadores: "Preparassem, agora vamos ver uma cena quente!".



Com certeza o momento mais interessante do filme é a cena da dança erótica, um dos momentos mais sensuais do cinema! (Só por curiosidade, o momento mais sex da telona para mim é uma cena do filme “Persona”: aquele diálogo entre a Liv Ullmann e a Bibi Andersson, em que essa relata uma experiência sexual com um garoto. Um aviso para os tarados de plantão: só tem diálogo, não mostra nada! rs).


Voltando para nossa musa da naftalina, quem se interessar e estiver com curiosidade para ver a tal dança erótica da Asta Nielsen, eu fiz uma pequena homenagem, uma espécie de clipe com a cena do filme:

http://www.youtube.com/watch?v=zrgGSbCkJyU


Enjoy! :)


Por Anderson (Distanásia)


distanasia@yahoo.com.br

Jan 24, 2010


Ano passado tivemos aqui em São Paulo a (creio eu) primeira edição do SP Terror. Entre os filmes estava "Deixa ela entrar". Pela sinopse eu achei que fosse mais um "Crepúsculo sueco". Passou um tempo, um amigo assistiu a esse filme e veio me falar extremamente bem dele. Esse meu amigo tem um gosto parecido com o meu, então decidi conferir. Bom, resumindo tudo, esse não é o melhor filme de vampiros da história porque existiu Bela Lugosi. Fato.


Eu sempre gostei de filmes de vampiros. "Drácula", "Entrevista com o Vampiro", "Nosferatu". Eu não engulo essa de vampiros que andam à luz do dia, que "namoram" serem humanos e etc. Gosto da velha lenda de crucifixos, estaca no coração, sangue humano e etc. Em "Deixa ela Entrar" você encontra tudo isso (e mais um pouco).


Mas falando do enredo...

Oskar é um garoto de uns 12 anos que vive na Suécia e não tem muitos amigos. Sua vida consiste basicamente em ir para a escola, ler, visitar o pai e ficar em casa treinando para se defender dos garotos que tanto o maltratam na escola. Um dia, ele percebe que tem novos vizinhos: um senhor e sua filha. Passados alguns dias ele encontra a garota e iniciam uma amizade bastante bizarra. Eli é o nome da garota que aparentemente não tem frio e não lembra o dia em que nasceu.

Só com isso dá para entender bem o quão fascinante é esse filme.


Aquele meu amigo que me falou do filme comprou o livro e me emprestou. Sim, esse filme foi baseado no livro de John Ajvide Lindqvist (acho que ainda não foi lançado em português).

Claro que nenhum filme possui todos os detalhes do livro que o inspirou. Acho que o filme ficou maravilhoso, o resultado foi ótimo, mas depois de ler o livro você passa a entender melhor ainda alguns detalhes.


Vi o filme em casa. Depois vi no cinema. E depois li o livro.

Poucos são os filmes que causam esse efeito em mim.

Gosto bastante do cinema sueco (Bergman!!!!), e os filmes atuais tem me surpreendido muito.


Agora a má notícia. Vai sair remake. ¬¬

O filme original se chama "Låt den rätte komma in". Saiu como "Let the right one in" e aqui no Brasil, "Deixa ela Entrar". O remake será "Let me In". Isso é no mínimo patético.

O filme é de 2008 e já tem remake!!!! Absurdo demais!

Mas isso é assunto para outro post.


IMDB: http://www.imdb.com/title/tt1139797/


[Michelle]