Jan 28, 2010



TRANSAMÉRICA

Por Henry (the stranger)

CONTENTFILM INTERNATIONAL APRESENTA UMA PRODUÇÃO BELLADONNA UM FILME DE DUNCAN TUCKER

“TRANSAMERICA”

FELICITY HUFFMAN KEVIN ZEGER FIONNULA FLANAGAN

COM ELIZABETH PEÑA E GRAHAM GREENE

DURAÇÃO 103 MIN GÊNERO DRAMA

Felicity Huffman, atriz de Desperate Housewives, ganhou um Globo de Ouro e foi indicada ao Oscar de Melhor Atriz com este sensacional filme que foi grande sucesso de público e de crítica em 2005.

Bree (Felicity) é uma transexual que sonha em se tornar uma mulher de verdade e está a um passo da operação, que é sempre cheia de acompanhamento psicológico e médico, pois pense bem, é irreversível. Sua vida está, pela primeira vez, se enchendo de sentido, mas quando Bree pensa que finalmente vai realizar seu sonho, descobre ser pai de um garoto de 17 anos (Kevin Zegers). Por ordem do terapeuta ela vai ao encontro do filho, um jovem envolvido com drogas e prostituição e com um passado tão complicado quanto o dela. Com medo de lhe contar a verdade e sem ter como ignorá-lo eles embarcam em uma viagem às origens de Bree, viagem esta que pode mudar suas vidas para sempre revelando a eles mesmos quem realmente são. A dúvida sobre a operação invade a mente de Bree, e ela acaba por descobrir sentido em coisas que nunca haviam antes passado por sua cabeça.

A produção é muito boa, não tem aquela fotografia maravilhosa e quase todo o processo do filme foi feito de maneira simples, sem muitos recursos, mas o resultado é uma verdadeira celebração a vida. Felicity está maravilhosa no papel, ela mudou a voz para ficar mais masculina e conseguiu convencer. Sou meio suspeito, confesso, por fazer uma crítica super positiva, uma vez que sou fã de Huffman e a acompanho em Desperate, série de Marc Cherry que já está em sua sexta temporada.

O diretor, Duncan Tucker, consegue equilibrar drama e comédia com muita sensatez, e nada se perde pelo caminho. É com certeza um filme com temática homossexual que pode ser assistido pela família toda, é leve, envolvente, cativante e nos faz pensar. Afinal, a vida é uma viagem, precisamos apenas escolher um caminho!

The stranger é autor do blog “O estranho mundo de Henry”

Jan 25, 2010

O Abismo / Afgrunden (1910)


Para essa primeira colaboração no mais novo blog cinéfilo da internet eu deveria pelo menos rever essa pérola do começo do século XX. Mas sua história é tão atual, e talvez por isso esteja tão fresca na memória, que não foi preciso tanto esforço para recordar e tentar apresentar em poucas linhas esse clássico.



“O Abismo” marca a fase de ouro do cinema dinamarquês e lança aquela que seria a primeira estrela do cinema alemão e talvez a responsável pela criação do star-system: Asta Nielsen. Se nossos avôs perderam dinheiro comprando revistas sobre cinema ou cansaram de se masturbar vendo pôsteres de atrizes hollywoodianas, não seria exagero culpa-la por isso!


Voltando ao filme, a temática é bastante atual: Magda Vang (Asta Nielsen), uma professora de piano, se apaixona perdidamente por um artista de circo, deixando sua vida pacata para se aventurar no mundo artístico.


O casal passa a trabalhar juntos numa companhia de espetáculos, mas depois de serem expulsos por causa de um ataque de ciúmes de Magda, começam a entrar em decadência. Magda volta a tocar piano num bar para ganhar algum dinheiro enquanto seu amante encontra uma forma mais fácil para manter o casal: tenta prostituí-la.


O filme faz parte do período de transição do cinema, pois apesar de manter uma narrativa linear, ainda apresenta algumas características do cinema de atração, como a cena em que o garçom do bar, dando uma de cafetão, arruma um quarto para o suposto primeiro cliente de Magda e gesticula para a câmera, como se quisesse dizer para os espectadores: "Preparassem, agora vamos ver uma cena quente!".



Com certeza o momento mais interessante do filme é a cena da dança erótica, um dos momentos mais sensuais do cinema! (Só por curiosidade, o momento mais sex da telona para mim é uma cena do filme “Persona”: aquele diálogo entre a Liv Ullmann e a Bibi Andersson, em que essa relata uma experiência sexual com um garoto. Um aviso para os tarados de plantão: só tem diálogo, não mostra nada! rs).


Voltando para nossa musa da naftalina, quem se interessar e estiver com curiosidade para ver a tal dança erótica da Asta Nielsen, eu fiz uma pequena homenagem, uma espécie de clipe com a cena do filme:

http://www.youtube.com/watch?v=zrgGSbCkJyU


Enjoy! :)


Por Anderson (Distanásia)


distanasia@yahoo.com.br

Jan 24, 2010


Ano passado tivemos aqui em São Paulo a (creio eu) primeira edição do SP Terror. Entre os filmes estava "Deixa ela entrar". Pela sinopse eu achei que fosse mais um "Crepúsculo sueco". Passou um tempo, um amigo assistiu a esse filme e veio me falar extremamente bem dele. Esse meu amigo tem um gosto parecido com o meu, então decidi conferir. Bom, resumindo tudo, esse não é o melhor filme de vampiros da história porque existiu Bela Lugosi. Fato.


Eu sempre gostei de filmes de vampiros. "Drácula", "Entrevista com o Vampiro", "Nosferatu". Eu não engulo essa de vampiros que andam à luz do dia, que "namoram" serem humanos e etc. Gosto da velha lenda de crucifixos, estaca no coração, sangue humano e etc. Em "Deixa ela Entrar" você encontra tudo isso (e mais um pouco).


Mas falando do enredo...

Oskar é um garoto de uns 12 anos que vive na Suécia e não tem muitos amigos. Sua vida consiste basicamente em ir para a escola, ler, visitar o pai e ficar em casa treinando para se defender dos garotos que tanto o maltratam na escola. Um dia, ele percebe que tem novos vizinhos: um senhor e sua filha. Passados alguns dias ele encontra a garota e iniciam uma amizade bastante bizarra. Eli é o nome da garota que aparentemente não tem frio e não lembra o dia em que nasceu.

Só com isso dá para entender bem o quão fascinante é esse filme.


Aquele meu amigo que me falou do filme comprou o livro e me emprestou. Sim, esse filme foi baseado no livro de John Ajvide Lindqvist (acho que ainda não foi lançado em português).

Claro que nenhum filme possui todos os detalhes do livro que o inspirou. Acho que o filme ficou maravilhoso, o resultado foi ótimo, mas depois de ler o livro você passa a entender melhor ainda alguns detalhes.


Vi o filme em casa. Depois vi no cinema. E depois li o livro.

Poucos são os filmes que causam esse efeito em mim.

Gosto bastante do cinema sueco (Bergman!!!!), e os filmes atuais tem me surpreendido muito.


Agora a má notícia. Vai sair remake. ¬¬

O filme original se chama "Låt den rätte komma in". Saiu como "Let the right one in" e aqui no Brasil, "Deixa ela Entrar". O remake será "Let me In". Isso é no mínimo patético.

O filme é de 2008 e já tem remake!!!! Absurdo demais!

Mas isso é assunto para outro post.


IMDB: http://www.imdb.com/title/tt1139797/


[Michelle]


Jan 21, 2010



Amélie
Por E. Meneghini, ou, "Preta"

Gosto do cheiro de poeira quando as primeiras gotas de chuva tocam o chão. Gosto de derivar (por mais que a geografia me prenda aos mesmos caminhos). Adoro observar as formigas na calçada, seus trajetos e trejeitos. Detesto sons de sacolas plásticas, odeio ler em voz alta e não gosto de músicas que demoram uma eternidade para começar.

Podem parecer observações sem sentido. Afinal, seria mais fácil dizer que gosto de chocolate e odeio falsidade, assim como milhares de pessoas o fazem. Raramente pensamos nesses detalhes e, creio eu, muitas pessoas nem sequer pensam em pensar nisso. A propósito, pense em quem é você sem imaginar o óbvio. É difícil, não é?

Isso não é um texto de autoajuda (um viva ao acordo ortográfico) ou autoconhecimento, porém, Jean-Pierre Jeunet talvez pudesse nos ajudar. O diretor francês traz a tona em “O Fabuloso Destino de Amélie Pouilan” o retrato do altruísmo, e da vida de vários personagens, através de uma riqueza de detalhes admirável. O ar leve e inocente da vida de Amélie (personagem principal) consegue ser transmitido de maneira excepcional: a união entre cores, enquadramentos, movimentos, cortes, diálogos com humor e emoção na dosagem exata e, é claro, a trilha impecável de Yann Tiersen. É o conjunto que torna essa uma obra singular e memorável.

Citando cores, o verde e o vermelho predominam durante toda a produção. O verde, para nós, é esperança. Já o vermelho ainda é uma incógnita. Várias coisas ao mesmo tempo. É amor e violência. É paixão e ódio. É sangue e coração. É o bem e o mal. São cores contrastantes em seus significados. Contrastantes assim como o próprio filme que retrata um modo de ver/viver a vida completamente oposto da realidade que nos acostumados a vivenciar.

Os detalhes que passam despercebidos frente à tão incômoda rotina podem estar nos lugares mais inusitados. Não precisamos olhar com outros olhos! Os olhos são os mesmos, basta enxergarmos tudo de maneira diferente. É preciso sair do ponto comum. Sejamos então, um anão de jardim descobrindo o mundo existente além da nossa porta. O detalhe que pode mudar vários destinos pode estar na próxima rua, na próxima esquina, no ponto de ônibus, na padaria e, por que não, em uma caixinha?

Em um mundo em que o único foco é o próprio umbigo, talvez a solução pra tudo fosse uma “Fantástica Fábrica de Amelies” (?). Bom, sem mais ‘detalhes’ (perdoem-me o trocadilho), pra não estragar a surpresa daqueles que ainda não assistiram ao filme, é isso.

IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0211915/

*E. Meneghini, além de grande incentivadora dessa viagem blog(u)ística e amiga é uma brilhante redatora.

Jan 19, 2010


FACE A FACE

Nada mais óbvio do que eu escrever meu primeiro post aqui sobre Ingmar Bergman. Ele é meu diretor preferido e amo demais tudo que já vi dele. Foi difícil escolher um filme para começar, mas vamos com "Face a Face". Não é o seu filme mais conhecido, mas foi o que mais me impressionou. Jenny é uma psiquiatra que entra em depressão e vê sua vida desmoronar. Bergman consegue falar claramente sobre a dor, e Liv Ullmann sabe representá-la melhor do que qualquer atriz (Vale lembrar que o roteiro saiu em livro aqui no Brasil). Bergman e Ullmann possuiam uma sintonia no cinema que eu nem sei explicar o quão perfeita era. Outro fato que torna esse filme tão incrível: Ullmann descreveu os dias de filmagem em seu livro "Mutações". Nas palavras da mesma: "Jenny foi esperta. Conseguiu representar um papel, viver atrás de uma máscara, esconder a dor. Algumas vezes, esta tomava uma forma física, e para isso ela comprava pílulas e pomadas na farmácia. Mas, a maior parte do tempo, a dor permanecia sob controle." Manter a dor sob controle, perder o controle. É disso que o filme trata, de ser humano, de errar, de sofrer, de viver. E nisso tudo Bergman era mestre. O melhor.


IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0074147/


[Michelle]

Jan 17, 2010


A ORFÃ

Por Henry, The Stranger.


WARNER BROS. PICTURES APRESENTA

UM FILME DE JAUME COLLET-SERRA “ORPHAN” VERA FARMIGA PETER SARSGAARD ISABELE FUHRMAN COMO ESTHER

ARYANA ENGINEER COMO MAXIME E JIMMY BENNETT COMO DANIEL, DURAÇÃO 123 MIN GÊNERO TERROR


Este é sem sombra de dúvidas um bom filme, que trás um bom roteiro, boa sequência de cenas, bons atores e justamente, por não ser sobre o que pensamos que seria, uma ótima história.


Comecemos pelo básico. Kate (Vera Farmiga) e John Coleman (Peter Sarsgaard) são casados e têm dois filhos, Daniel (Jimmy Bennett) e Maxime (Aryana Engineer). No início a história pode até parecer meio clichê, um casal que está em crise, sofre um aborto e resolve compensar a falta de um terceiro filho com um gesto muito belo, a adoção, e é ai que entra Esther (Isabele Fuhrman), ou seja, temos mais clichês, uma jovem que aparenta ser a doçura em pessoa, mas na verdade é rebelde, problemática e completamente cruel. Esther vai morar com a nova família e coisas estranhas começam a acontecer.


Seria mais um filme blá, blá, blá, se não fosse por um engenhoso detalhe, o que há de errado com Esther, ao contrário do que todos pensam, não tem haver com demônios, espíritos ou assuntos sobrenaturais, o problema da “jovem”, e só quem assistiu ao filme vai entender o porquê das aspas, é o elemento, causador de impacto, que faz o longa deixar de ser clichê para se tornar um item de coleção aos amantes do terror ao bom estilo “O Iluminado” sem exagero no sangue e sem grandes sustos, definitivamente.


O diretor catalão Collet-Serra, de “A Casa de Cera”, usa de todos os recursos do gênero para não nos decepcionar, gritos ensurdecedores, efeitos sonoros de arrepiar, relâmpagos, e até um playground com brinquedos que se movimentam sozinhos, porém, tudo para nos enganar e manter nossas cabecinhas longe do foco, da ideia principal.


O elenco é notável, a já residente dos filmes de terror Vera Farmiga e a pequena Isabelle Fuhrman, de apenas 12 anos, formam uma excelente dupla. Esther não poderia ser melhor interpretada, a atriz consegue fazer a personagem ir de anjo a demônio de uma maneira incrível, e é tão perturbador quanto ver Jack Nicholson enlouquecendo em um hotel. Uma boa opção para o final de semana e um bom investimento para a sua estante.

Deixe-se envolver por “A Órfã” e descubra o que há de errado com Esther. Pode crer, vai valer a experiência.


* Henry mantém um blog, visite em: http://hgustavowest.blogspot.com/

Jan 12, 2010


Você não é igual a todos. Não precisa fazer charme para ser a bonitona de micro-saia do seu trabalho/vizinhança/ou seja, onde for. Você não precisa ter um carro americano de mais de 100 mil reais para o sexo oposto saber que você é interessante. Simplesmente você não é nenhum dos personagens midiáticos das propagandas de TV, outdoors e etc. O seu cabelo e pele podem ser de qualquer cor, use as roupas que achar melhor ou ainda, dance sem ter momento. Às vezes é preciso ser o que você quiser e assim ser você mesmo (Clube da Luta style). Papinho furado? Mas real, a gente costuma não gostar de ler/ouvir o que é real, né? Mas a "identidade" é algo perigoso, envolve (o que eu considero) o maior perigo que vive dentro do corpo/alma humano, o EGO! Ok, sempre tem alguém que você gostaria de ser parecido. Tu sai lá fora e vê padrões, é realmente assustador parar para pensar que tu não combina com todo o resto. O diferente. A loucura, dizem por ai, ser a explicação para comportamentos que o todo (algo como o inconsciente coletivo jungiano) não compreende e não aceita. Mas o que é loucura? Qual o limite? Quem disse? Onde está escrito?

Ben X, do diretor belga Nic Balthazar impressiona. Eu colocaria dois pontos fortes: a forma que o tempo transcorre te deixando em vários momentos atônito, confuso e angustiado e em segundo lugar o enredo é rápido (lá vem o tempo de novo, ah Borges!) direto e principalmente foge do lugar comum, ou seja, fugir do lugar comum é confundir o telespectador a ponto de você não imaginar que aquilo vai acontecer, pontos positivissimos para o final do filme (ok, NO SPOILERS).

Vamos lá, a sinopse básica é que Ben é mais um adolescente passando pelos momentos cruciais de sua vida na escola. Tudo ok se não fosse o fato de Ben sofrer do que se chama Síndrome de Asperger , que na real se tu ler sobre vai notar que também sofre de alguma das características. O convívio escolar de Ben se torna insuportável afinal não é difícil encontrar adolescentes imaturos o suficiente para agirem de forma ignorante em relação ao diferente. Se por um lado a vida social, considerada normal, de Ben é um fracasso por outro lado ele tem tudo que ele gostaria quando está jogando Archlord, o jogo de RPG que ele é um grande herói obviamente acompanhado de uma grande heroína. Ben mistura as duas vidas, toda vez que sofre algum maltrato ele foge para sua vida, para o seu avatar, o que nos remete a fuga da Matrix ao contrário. Tudo circula ao redor da mente de Ben que trabalha o tempo todo sem parar e o diretor não erra em nenhum momento mesclando as cenas do jogo com closes nas mãos, cabeça, pernas e todo o corpo de Ben, como se ele fosse um herói em ação nas suas duas vidas. Claro que para o clímax do filme temos a teoria da ação e reação aplicada ao extremo. Tudo que vem, volta né? É então que a heroína (e companheira de Ben) resolve ajudá-lo entender (e executar) que a vingança nem sempre precisa ser malvada e fatal, mas até um beneficio para alguém cansado. Enfim, como você espera que uma vítima de bullyings haja no seu limite? Fotografia agradável, montagem bem elaborada e sim, borgiano, porém mais uma vez um filme em que o tempo é valorizado me agrada demais. Filme rápido e direto. Vale a pena.


BEN X (2007)

Diretor: Nic Balthazar

Duração: 93 min.

IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0953318/



[Manu]