Jan 12, 2010


Você não é igual a todos. Não precisa fazer charme para ser a bonitona de micro-saia do seu trabalho/vizinhança/ou seja, onde for. Você não precisa ter um carro americano de mais de 100 mil reais para o sexo oposto saber que você é interessante. Simplesmente você não é nenhum dos personagens midiáticos das propagandas de TV, outdoors e etc. O seu cabelo e pele podem ser de qualquer cor, use as roupas que achar melhor ou ainda, dance sem ter momento. Às vezes é preciso ser o que você quiser e assim ser você mesmo (Clube da Luta style). Papinho furado? Mas real, a gente costuma não gostar de ler/ouvir o que é real, né? Mas a "identidade" é algo perigoso, envolve (o que eu considero) o maior perigo que vive dentro do corpo/alma humano, o EGO! Ok, sempre tem alguém que você gostaria de ser parecido. Tu sai lá fora e vê padrões, é realmente assustador parar para pensar que tu não combina com todo o resto. O diferente. A loucura, dizem por ai, ser a explicação para comportamentos que o todo (algo como o inconsciente coletivo jungiano) não compreende e não aceita. Mas o que é loucura? Qual o limite? Quem disse? Onde está escrito?

Ben X, do diretor belga Nic Balthazar impressiona. Eu colocaria dois pontos fortes: a forma que o tempo transcorre te deixando em vários momentos atônito, confuso e angustiado e em segundo lugar o enredo é rápido (lá vem o tempo de novo, ah Borges!) direto e principalmente foge do lugar comum, ou seja, fugir do lugar comum é confundir o telespectador a ponto de você não imaginar que aquilo vai acontecer, pontos positivissimos para o final do filme (ok, NO SPOILERS).

Vamos lá, a sinopse básica é que Ben é mais um adolescente passando pelos momentos cruciais de sua vida na escola. Tudo ok se não fosse o fato de Ben sofrer do que se chama Síndrome de Asperger , que na real se tu ler sobre vai notar que também sofre de alguma das características. O convívio escolar de Ben se torna insuportável afinal não é difícil encontrar adolescentes imaturos o suficiente para agirem de forma ignorante em relação ao diferente. Se por um lado a vida social, considerada normal, de Ben é um fracasso por outro lado ele tem tudo que ele gostaria quando está jogando Archlord, o jogo de RPG que ele é um grande herói obviamente acompanhado de uma grande heroína. Ben mistura as duas vidas, toda vez que sofre algum maltrato ele foge para sua vida, para o seu avatar, o que nos remete a fuga da Matrix ao contrário. Tudo circula ao redor da mente de Ben que trabalha o tempo todo sem parar e o diretor não erra em nenhum momento mesclando as cenas do jogo com closes nas mãos, cabeça, pernas e todo o corpo de Ben, como se ele fosse um herói em ação nas suas duas vidas. Claro que para o clímax do filme temos a teoria da ação e reação aplicada ao extremo. Tudo que vem, volta né? É então que a heroína (e companheira de Ben) resolve ajudá-lo entender (e executar) que a vingança nem sempre precisa ser malvada e fatal, mas até um beneficio para alguém cansado. Enfim, como você espera que uma vítima de bullyings haja no seu limite? Fotografia agradável, montagem bem elaborada e sim, borgiano, porém mais uma vez um filme em que o tempo é valorizado me agrada demais. Filme rápido e direto. Vale a pena.


BEN X (2007)

Diretor: Nic Balthazar

Duração: 93 min.

IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0953318/



[Manu]


2 comments:

eduardoabuzo said...

Que bacana sua análise, belo texto! Me deixou com vontade de assistir esse filme...

biscoitagem said...

Parece ser interessante, quando eu tiver uma net que preste, baixarei pra assistir. *_*