
Você não é igual a todos. Não precisa fazer charme para ser a bonitona de micro-saia do seu trabalho/vizinhança/ou seja, onde for. Você não precisa ter um carro americano de mais de 100 mil reais para o sexo oposto saber que você é interessante. Simplesmente você não é nenhum dos personagens midiáticos das propagandas de TV, outdoors e etc. O seu cabelo e pele podem ser de qualquer cor, use as roupas que achar melhor ou ainda, dance sem ter momento. Às vezes é preciso ser o que você quiser e assim ser você mesmo (Clube da Luta style). Papinho furado? Mas real, a gente costuma não gostar de ler/ouvir o que é real, né? Mas a "identidade" é algo perigoso, envolve (o que eu considero) o maior perigo que vive dentro do corpo/alma humano, o EGO! Ok, sempre tem alguém que você gostaria de ser parecido. Tu sai lá fora e vê padrões, é realmente assustador parar para pensar que tu não combina com todo o resto. O diferente. A loucura, dizem por ai, ser a explicação para comportamentos que o todo (algo como o inconsciente coletivo jungiano) não compreende e não aceita. Mas o que é loucura? Qual o limite? Quem disse? Onde está escrito?
Ben X, do diretor belga Nic Balthazar impressiona. Eu colocaria dois pontos fortes: a forma que o tempo transcorre te deixando em vários momentos atônito, confuso e angustiado e em segundo lugar o enredo é rápido (lá vem o tempo de novo, ah Borges!) direto e principalmente foge do lugar comum, ou seja, fugir do lugar comum é confundir o telespectador a ponto de você não imaginar que aquilo vai acontecer, pontos positivissimos para o final do filme (ok, NO SPOILERS).
Vamos lá, a sinopse básica é que Ben é mais um adolescente passando pelos momentos cruciais de sua vida na escola. Tudo ok se não fosse o fato de Ben sofrer do que se chama Síndrome de Asperger , que na real se tu ler sobre vai notar que também sofre de alguma das características. O convívio escolar de Ben se torna insuportável afinal não é difícil encontrar adolescentes imaturos o suficiente para agirem de forma ignorante em relação ao diferente. Se por um lado a vida social, considerada normal, de Ben é um fracasso por outro lado ele tem tudo que ele gostaria quando está jogando Archlord, o jogo de RPG que ele é um grande herói obviamente acompanhado de uma grande heroína. Ben mistura as duas vidas, toda vez que sofre algum maltrato ele foge para sua vida, para o seu avatar, o que nos remete a fuga da Matrix ao contrário. Tudo circula ao redor da mente de Ben que trabalha o tempo todo sem parar e o diretor não erra em nenhum momento mesclando as cenas do jogo com closes nas mãos, cabeça, pernas e todo o corpo de Ben, como se ele fosse um herói em ação nas suas duas vidas. Claro que para o clímax do filme temos a teoria da ação e reação aplicada ao extremo. Tudo que vem, volta né? É então que a heroína (e companheira de Ben) resolve ajudá-lo entender (e executar) que a vingança nem sempre precisa ser malvada e fatal, mas até um beneficio para alguém cansado. Enfim, como você espera que uma vítima de bullyings haja no seu limite? Fotografia agradável, montagem bem elaborada e sim, borgiano, porém mais uma vez um filme em que o tempo é valorizado me agrada demais. Filme rápido e direto. Vale a pena.
BEN X (2007)
Diretor: Nic Balthazar
Duração: 93 min.
IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0953318/
[Manu]
2 comments:
Que bacana sua análise, belo texto! Me deixou com vontade de assistir esse filme...
Parece ser interessante, quando eu tiver uma net que preste, baixarei pra assistir. *_*
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